18 agosto, 2005

BLOG - Diário de aprendizagem na rede


. . . mais sobre BLOG
O recurso tecnológico, bastante conhecido entre os internautas, pode servir para acompanhar e divulgar projetos em qualquer disciplina

Trocando mensagens pelo blog, alunos da 5ª série da Escola Municipal Professor Edilson Duarte, de Cabo Frio (RJ), estão documentando tudo o que aprendem sobre os ambientes naturais de sua cidade. Eles não são os únicos na escola a usar essa ferramenta. Seus colegas da 7ª série, depois de estudar o tropicalismo e a literatura de protesto dos anos 1960, fizeram poesias e as publicaram em uma página; a 8ª série está alimentando outro blog com informações sobre poluição das águas.

Como recurso de aprendizagem, o blog ainda é novidade, mas a linguagem é bem conhecida dos adolescentes, que o utilizam para publicar páginas pessoais, como os tradicionais diários.

Blog vem da abreviação de weblog: web (tecido, teia, também usada para designar o ambiente de internet) e log (diário de bordo). É uma ferramenta do mundo virtual que permite aos usuários colocar conteúdo na rede e interagir com outros internautas.

Na sala de aula, serve para registrar os conhecimentos adquiridos pela turma durante os projetos de estudo, sendo possível enriquecer os relatos com links, fotos, ilustrações e sons. Os professores acompanham e orientam as pesquisas

Ao montar um blog com os alunos, prepare-se para enfrentar um dilema: corrigir ou não a grafia das palavras. Quando começaram a se comunicar via internet, os adolescentes criaram um código bastante particular, caracterizado por abreviações (beleza é blz; por que, por quê, porque, porquê viram pq; tudo é td) e pela invenção de novas formas de escrever velhos termos (não é naum e falou é falow).

Mas, e na hora de escrever o resultado de pesquisa para um trabalho escolar, que linguagem usar?

O lingüísta Marcos Bagno lembra que o blog é fruto da cultura da internet e nasceu com os jovens: "Não é nesse meio que eles vão aprender ortografia e gramática. O espaço deve ser reservado para os adolescentes expressarem-se livremente", porém se o texto publicado é um trabalho escolar ele exige formalidade e, portanto, deve seguir os padrões da norma culta: "Uma vez na rede, o conteúdo será acessado por diversos públicos e por isso precisa ser inteligível".

A professora de Língua Portuguesa Álfia Aparecida Botelho Nunes notou que os textos dos alunos melhoraram muito depois de o blog ser utilizado para documentar um projeto sobre transportes e locomoção no Jardim das Flores, bairro da zona sul da capital paulista, onde fica a Escola Municipal Pracinhas da FEB: "Ao saber que o trabalho seria lido por outras pessoas, eles tomaram mais cuidado com a forma e com o conteúdo, procurando deixar as idéias bem claras", observou.
Márcia Almeida, de Cabo Frio, resolveu o impasse combinando com os professores e com os estudantes que o texto da pesquisa deve estar corretamente digitado, sem "erros". Já as mensagens informais entre eles podem ser publicadas com as particularidades do texto cibernético. Assim fica td blz!

PROFESSOR use o blog como instrumento pedagógico

Sugestão de atividade
Falar em blog hoje já não causa tanto estranhamento, dispensa as aspas e os parênteses explicativos. Por outro lado, corre-se o risco de pensar que por trás dele há um grupo de adolescentes ávido por trocar experiências através da publicação de seus diários.
Dessa maneira a proposta é formar uma comunidade de aprendizagem colaborativa, disponibilizando por meio deste blog um conjunto de informações, notas, dicas e sugestões de atividades para serem desenvolvidas por professores e seus alunos em sala de aula.

Site e blog são diferentes - Por que? Qual a diferença entre eles? Nesta sugestão de atividade estamos propondo a pesquisa sobre as possíveis funções dos blogs para fins educativos.
Na verdade, queremos potencializar o uso das ferramentas de busca para ampliar as possibilidades de pesquisa no processo de formação de estudantes. Propusemos conversar diretamente com vocês, os professores destes alunos, na perspectiva de construirmos coletivamente e diariamente um espaço de troca e de aprendizado em um novo território, onde pudéssemos nos sentir mais livres para debatermos nossas idéias e publicarmos nossas experiências.

De certa maneira, um site pressupõe autorias e não a co-autoria como o blog sugere. Supõe-se que o site disponibilize informações organizadas, já um blog propõe a construção de conhecimento a partir das informações selecionadas e eleitas por seus participantes. A concepção de blog favorece o trabalho do professor que se pensa um orientador de processos de aprendizagem e um co-autor na busca e elaboração de conhecimento. Que tal propor a criação de blogs em que seus alunos poderão debater entre si e com você e com todos os que quiserem entrar na conversa, determinado assunto que se considera importante ser aprofundado?

O que é um weblog ou blog? O blog é uma página web atualizada freqüentemente, composta por pequenos parágrafos apresentados de forma cronológica. É como uma página de notícias ou um jornal que segue uma linha do tempo com um fato após o outro. O conteúdo e tema dos blogs abrange uma infinidade de assuntos que vão desde diários, piadas, links, notícias, poesia, idéias, fotografias, enfim, tudo que a imaginação do autor permitir. Usar um blog é como mandar uma mensagem instantânea para toda a web: você escreve sempre que tiver vontade e todos que visitam seu blog tem acesso ao que você escreveu. Vários blogs são pessoais, exprimem idéias ou sentimentos do autor. Um outro tipo são os utilizados por empresas que querem manter com seus clientes uma relação particular entre fornecedor/consumidor, ouvindo-os sobre lançamentos de produtos e fidelizando-os de uma maneira inusitada. Vale lembrar que os próprios consumidores se valeram inicialmente dos blogs para falar, defendendo ou destruindo, determinados produtos de seu interesse, organizando grupos de aficcionados pelo modelo x da moto, ou do último lançamento tecnológico. Quando nós nos propusemos a criar um blog para falarmos do uso que as ferramentas tecnológicas podem ter pelos educadores, estávamos exatamente propondo isto, a apropriação dos novos meios buscando explorar todos os seus recursos e com isto ampliar as fronteiras e as possibilidades do trabalho educativo.

"Ninguém aprende sozinho. Tampouco ninguém ensina ninguém. Os homens aprendem em comunhão, mediatizados pelo mundo". Paulo Freire